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2 de maio de 2011

Ilha do Marajó, Salvaterra - caldo de turu

A Ilha do Marajó é uma região que chama atenção quando se pesquisa qualquer assunto no Pará. Pode-se dizer que ela é um resumo das micro regiões da Amazônia Paraense, tem praias de rio, praias de mar, igarapés, mangues, campos alagados, terra firme, lagos, cachoeiras...Um paraíso esquecido pelos governantes e saqueado por qualquer um que tenha interesse em lucrar através do tráfico, seja de animais silvestres, madeira, peças arqueológicas ou até crianças.

Fui num barco menos confortável do que da última vez, os bancos eram para uma pessoa e rígidos, ou seja, não consegui me jogar na mochila e ficar confortável, como são apenas três horas de viagem, não me importei. Lá pelas tantas o barco começou a bater muito,  estávamos mais ou menos no meio da viagem e a maré estava um pouco revolta, enjoei de ficar sentada e fui à proa ver a ilha se aproximar, comecei a conversar com umas pessoas que estavam ali olhando aquele mundo de água.

O paraense, no geral, é um sujeito incrivelmente sociável e amoroso, mal te conhece e já te trata como se fosse um amigo de infância! No fim das contas fui parar na casa dos pais do Gilmar, que conheci na proa do barco. Fui muito bem recebida, com um gancho para minha rede num quarto só meu; assim passei a primeira noite em Salvaterra, um dos 16 municípios da grande ilha. Gilmar me apresentou a um fisioterapeuta que depois do trabalho no posto de saúde de Salvaterra, se dedica a aulas de dança para comunidade local, seu nome é Dilermano. A última coisa que eu esperava nesta vida era fazer minha primeira aula de dança de salão na Ilha do Marajó, mas foi exatamente isso o que aconteceu. Porém, minha ida à Salvaterra tinha um único intuito: conhecer a iguaria local, o Turu.

O Turu é um molusco que nasce dentro das madeiras mortas repousadas nos manguezais da região, é considerado o viagra do caboclo. Tem a fama de levantar até defunto e, preconceitos a parte (por conta da sua aparência vermiforme), é uma delícia, pude comprovar.

No dia seguinte, fiz numa longa caminhada pelos manguezais atrás do tal turu, que até então nunca tinha comido e nem sequer visto. Me atolei até os joelhos na lama, tomei muito sol na cabeça a manhã toda e ao final do “passeio” tomei uma chuva daquelas bem amazônicas - parece que São Pedro resolveu esvaziar a Regan. Estava exausta, molhada e frustrada. Meu plano B era chorar as mágoas com meu contato na Pousada do Guarás, o chefe de cozinha Roberto Carvalho, e ver se ele conseguia alguém com mais experiência e mais capaz pra achar os tão falados turus. Muito simpático, Roberto me surpreendeu com um quilo de turus que ele havia encomendado um dia antes quando liguei avisando que iria à Salvaterra. Na hora ele já aprontou a “mise em place” para que eu pudesse fotografar e me ensinou a fazer o caldo do turu como os caboclos marajoaras. Deu-me para comer o turu in natura, que se come como as ostras: limão, sal e pimenta. Minutos depois eu me sentia pronta para outra “caçada aos turus” nos mangues de Salvaterra, mas fui direto arrumar as malas. Terminado o aprendizado com o Turu, era hora de seguir em frente com algumas dicas que tinha em outro município: Soure, a capital da Ilha.

Belém pela quarta vez


Pela primeira vez pude ver a imagem da qual todo paraense se orgulha: Belém da janela do avião . Sempre ouvi dizer que era lindo ver a cidade no meio da mata, mas eu sempre chego com chuva e muita chuva. Meu voo chega às 14h30, quando não atrasa, e essa é a hora em que Belém está recebendo aquela refrescada mais que merecida. Dessa vez a chuva tinha parado quando o avião em que eu estava sobrevoou a Baia de Guajará, e pude ver com meus próprios óculos a cidade brotando da mata, uma visão linda mesmo, como se Belém fosse uma ilha de edifícios de concreto no meio de uma imensidão verde recortada pelos braços de rios de "águas brancas" da bacia do Guajará. Encontrei alguns amigos, brindamos com chope gelado da Cerpa e no dia seguinte, embarquei para a Ilha do Marajó.

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