A Ilha do Marajó é uma região que chama atenção quando se pesquisa qualquer assunto no Pará. Pode-se dizer que ela é um resumo das micro regiões da Amazônia Paraense, tem praias de rio, praias de mar, igarapés, mangues, campos alagados, terra firme, lagos, cachoeiras...Um paraíso esquecido pelos governantes e saqueado por qualquer um que tenha interesse em lucrar através do tráfico, seja de animais silvestres, madeira, peças arqueológicas ou até crianças.
Fui num barco menos confortável do que da última vez, os bancos eram para uma pessoa e rígidos, ou seja, não consegui me jogar na mochila e ficar confortável, como são apenas três horas de viagem, não me importei. Lá pelas tantas o barco começou a bater muito, estávamos mais ou menos no meio da viagem e a maré estava um pouco revolta, enjoei de ficar sentada e fui à proa ver a ilha se aproximar, comecei a conversar com umas pessoas que estavam ali olhando aquele mundo de água.
O paraense, no geral, é um sujeito incrivelmente sociável e amoroso, mal te conhece e já te trata como se fosse um amigo de infância! No fim das contas fui parar na casa dos pais do Gilmar, que conheci na proa do barco. Fui muito bem recebida, com um gancho para minha rede num quarto só meu; assim passei a primeira noite em Salvaterra, um dos 16 municípios da grande ilha. Gilmar me apresentou a um fisioterapeuta que depois do trabalho no posto de saúde de Salvaterra, se dedica a aulas de dança para comunidade local, seu nome é Dilermano. A última coisa que eu esperava nesta vida era fazer minha primeira aula de dança de salão na Ilha do Marajó, mas foi exatamente isso o que aconteceu. Porém, minha ida à Salvaterra tinha um único intuito: conhecer a iguaria local, o Turu.
O Turu é um molusco que nasce dentro das madeiras mortas repousadas nos manguezais da região, é considerado o viagra do caboclo. Tem a fama de levantar até defunto e, preconceitos a parte (por conta da sua aparência vermiforme), é uma delícia, pude comprovar.
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