6 de maio de 2011

Cachoeira do Arari - surpresas boas

Dilermano, de Salvaterra, além de me apresentar a Wal que me hospedou em Soure, indicou que eu procurasse Maria Luiza e Hugo Martinez em Cachoeira do Arari. Fiz alguns amigos no ônibus, o tal Búfalo do Marajó, e foi bem fácil, com a ajuda de uma das meninas que conheci, chegar à fazendola, casa que faz parte do museu do Marajó e em que mora um dos maiores luthiers da América Latina e sua esposa. Daí a cabeça quase dá um nó: Hugo Martinez em Cachoeira do Arari... O que raios ele está fazendo aqui?

A história é boa: eles se mudaram do Rio para Santarém atrás de um local mais acessível para comprar madeira para confecção dos instrumentos e pesquisar sobre as madeiras amazônicas. Ele deu aulas de lutheria lá e ela criou um projeto que se chama “floresta fashion” usando borracha e fibras vegetais para fazer todo o tipo de utensílio de moda, sapatos, bolsas, bijuterias, chapéus e afins. Uma peça mais incrível que a outra!

A parte triste é que eles não conseguiram trabalhar lá por conta da politicagem do pedaço. Pra começar Hugo teve muita dificuldade em comprar madeira, basicamente nada era legal, não existe extração de madeira replantada e o que sobrava dos cortes, e seria mais que suficiente para ele trabalhar, era queimado para “apagar” a ilegalidade. Com Maria Luiza a coisa foi mais longe, ela nem se quer conseguia chegar aos locais para extração dos materiais, nem mesmo para conversar com as comunidades que seriam fornecedoras diretas de matéria-prima por conta da politicagem das ONGs locais, que ao contrário do que se divulga pela internet, não tem nada de europeias ou norte americanas, são mesmo é paulistas e cariocas, bem brasileiras, dando um jeitinho de extorquir tudo que podem e evitar qualquer trabalho honesto com a comunidade local.

Diante disso resolveram mudar-se para Cachoeira do Arari, sob o convite ainda da gestão de 2009 para montar uma escola de lutheria filiada à escola de música do Museu do Marajó. Então com a reviravolta na direção do museu e o desvio de verba eles acabaram ficando de mãos atadas, sem verba para o projeto. Hugo tem todo um estudo para trabalhar apenas com madeira das árvores amazônicas, foram anos de pesquisa aliada a órgãos como INPA e EMBRAPA enquanto estiveram em Santarém e ele já agilizou o projeto da escola de lutheria por outro caminho, sem ser atrelada ao museu. Em breve eles terão internet lá e ficarei sabendo mais informações.

Por hora fica só uma foto nossa:

E pra quem quiser comprar um violão, ou até uma viola (ultimamente ele tem estudado viola), deixe o e-mail num palpite aí embaixo que eu retorno com os números de celular, porque lá a internet é movida a búfalo!



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